Um Natal nada perfeito
É Natal e as
ruas do centro da cidade do Porto estão agitadas de tanta gente que por ali faz
as últimas compras para a noite natalícia. Eduardo Guterres, um empresário de
sucesso, e a sua assistente, a Rute, também correram para conseguir comprar
tudo a tempo.
– Rute, para quem falta comprar prendas? – questionou o
Eduardo.
– Aaa… – murmura a Rute atrapalhada enquanto procura o
papel com a lista de presentes – Aqui pela minha lista falta comprar para o teu
pai, para a tua sobrinha e…
– Desculpe, Rute, mas trabalhamos há pouco tempo juntos e
eu sou o seu patrão, não me pode tratar por tu. – interrompeu o empresário.
– Desculpe, desculpe, Doutor! Não o quis ofender! – respondeu
a Rute com medo.
– Sem problema, Rute. Para quem falta então? – continuou o
Eduardo.
Seguiram os dois pelas ruas do Porto à procura do que
lhes faltava, até que por fim conseguiram comprar tudo. O Eduardo decidiu dar
ao seu pai um fato de cerimónia, à sua mãe um conjunto da Vista Alegre, ao seu
avô, que teve um acidente e ficou paraplégico, uma cadeira elevatória para
conseguir subir as escadas e, ao seu irmão, uma mota. Para os mais pequenos,
decidiu dar uma bola de futebol ao sobrinho e um fato de natação à sobrinha.
Terminadas
as compras, foram para Vila Nova de Gaia, já com duas horas de atraso para o
jantar. Pelo caminho, a Rute ia embrulhando alguns presentes e colocando o nome
em todos. Mas, no meio daquela pressa toda e nas curvas e contracurvas, nem se
apercebeu que se foi enganando a escrever os nomes.
Quando lá
chegaram, já estava na hora de começar a abrir os presentes. O Eduardo
distribuiu os seus a cada um, até que se apercebeu das caras desiludidas e
confusas dos seus familiares. Eis que a sobrinha grita, feliz:
– Que fixe! Loiça para a minha cozinha de brincar!
– Olha… Eu recebi um fato de banho cor-de-rosa… - disse o
sobrinho envergonhado.
– Que piada, Eduardo! Como é que adivinhaste que eu
queria uma bola de futebol? - disse o avô de forma irónica apontando para
cadeira de rodas em que estava sentado.
– O quê?! Ruuuuteeeee!!! – gritou o Eduardo furioso.
– Obrigada, querido! A mota irá dar-me muito jeito para
deixar de perder horas no trânsito e não estar como uma sardinha enlatada no
autocarro! – disse a mãe com um sorriso amarelo.
– Eduardo, para que é que eu quero uma cadeira
elevatória? O meu apartamento nem sequer tem escadas! – gritou o irmão.
– Olha filho, parece-me que aconteceu aqui uma valente
confusão, mas acho que acertaste no meu! Obrigada! Adorei a cor do fato! Mas
agora deves resolver esta situação. – aconselhou o pai.
O Eduardo resolveu distribuir novamente as prendas, agora
corretamente e pediu desculpa a todos. Só faltava o seu pai na sala e foi
procurá-lo. Quando o encontrou, abraçou-o.
– Filho, percebo que queiras trabalhar muito para seres o
melhor, mas o que aconteceu hoje foi uma catástrofe! Fizeste tudo a correr, sem
pensar muito bem e deu nisto. Nunca ouviste dizer que a pressa é inimiga da
perfeição? – partilhou o pai.
– Obrigada, pai, pelo teu conselho. Prometo que vou
tentar melhorar e fazer tudo com mais calma.
Moral da história: “A
pressa é inimiga da perfeição”, e o Eduardo
percebeu isso da pior maneira. Focou-se demais no seu trabalho e deixou a
família em segundo plano. Como fez tudo depressa, as coisas não correram como esperado.
Miguel
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